segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Viu-se, certa vez, uma pequena garota que caminhava a esmo, pela secura. Um lugar árido, ressequido, murcho, estéril... Peregrinava pelo seu sertão particular. Uma zona murcha que era sedenta de tudo. Não havia para onde se olhasse que não se percebia a situação. Era rachado, marrom, sem vegetação, uma vastidão de... nada.
Não que tivesse sido sempre assim.
Certa vez, em sua jornada, a menina encontrou uma pequena fonte. Em um lugar remoto, quase imperceptível, pingava alí, gota a gota, a fonte escondida. Ao seu lado a garota tentou fazer morada, pouco a pouco se saciar, matar sua sede. Mas o que era pouco, logo se findou. A fonte secou e a menina teve que voltar a seguir sua jornada como antes.
Encontrou, tempos depois, uma torneira pregada a uma parede sólida, firme. Entretanto, ao ser aberta, percebeu que não se tratava de uma torneira normal. A água jorrava em abundância, sem parar, desenfreada. No começo a menina muito se alegrou. Bebeu, se banhou, aproveitou e se fartou de algo que, até antes, era ausente em seu presente. Tempos depois, deparou-se novamente em mais um empasse. A água que jorrava era tanta que, se não saísse logo dalí, iria se afogar. Seguiu então seu rumo.
Outra vez, encontrou à beira da estrada uma jarra d'água. "Dessa vez - a menina pensou - conseguirei eu mesma controlar a água que bebo." Mas, mesmo controlando, mesmo sabendo das suas limitações, o líquido também acabou. Era uma jarra cheia d'água, mas sem local ou tempo para reposição. Uma vez acabada, voltou a tudo que era, fazendo a garota mais uma vez voltar à sua marcha.
Mesmo assim, sempre que se olhava, a menina estava sempre a caminhar. Serena, persistente, confiante. Torcendo para um dia, quem sabe, encontrar uma fonte que não seque, uma torneira que transborde, mas venha acompanhada como um bote para não se afogar, ou até mesmo copos d'água, regrados, de tempo a tempo, mas constantes, que sequem toda aquela imensidão na qual caminhava a menina.

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