terça-feira, 8 de maio de 2012

Indecifráveis

Naquele momento me vi montando um quebra-cabeça.
Calcei teus pés descalsos e vesti teu corpo nu.
Montei o teu cabelo e coloquei em teu rosto aquele sorriso que eu mais gosto.
Mas fiquei perdido nos olhos...
Eram indecifráveis, incalculáveis.
Estavam ali, diante de mim, mas eu não conseguia entendê-los,
Não conseguia saber como encaixá-los.
Eram grandes, olhos que encaram...
Mas que ao serem encarados, transmitiam serenidade.
Eram tristes, molhados...
Mas sorriam com a mais simples felicidade.
Ausentes, distantes...
Mas do tipo que marcam para sempre, que aparecem para serem lembrados.
Sem conseguir entender, fiquei ali, fitando aquele jogo que me mostrava claramente seus olhos, mas não me permitia entender onde se encaixavam.
Fiquei, sem nunca saber definir o que aqueles olhos diziam.
Fiquei, pois queria saber o que transmitiam.
Fiquei, pois, mesmo consciente de que nunca entenderia, era ali que eu queria ficar.

Um comentário:

  1. Sinceramente gostei muito do texto, achei fantástico os aspectos sensoriais apresentados, a figura do olho/olhar... O oculto abstrato nas entrelinhas mostram que mesmo indecifráveis levam o sujeito a descifrar o que condiz com a sua identidade, ou seja, o descifrar a sua própria maneira é o que caracteriza o interprete!

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